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Atualizado em 27/01/2024 - 11:38

Kenneth Smith foi executado com gás nitrogênio na noite desta quinta-feira (25), no estado americano do Alabama. Condenado à morte por participar do assassinato de Elizabeth Sennett em 1988, o homem foi a primeira pessoa a ser executada desta forma nos Estados Unidos.

Smith devia ter sido executado em 2022, mas na ocasião os agentes prisionais não conseguiram encontrar uma veia para aplicar a injeção letal, mesmo após tentar por quatro horas. A execução por gás nitrogênio é controversa e pode causar convulsões e dor.

No último dia 18, a Suprema Corte dos EUA negou o último apelo da defesa de Smith para suspender a execução. O detento foi morto às 20h25 de 25 de janeiro, com um máscara de gás.

“A coisa mais horrível que já vi”

O nitrogênio é abundante no ar natural. A escolha desta substância como método de execução se deve à possibilidade de substituir o oxigênio por nitrogênio sem provocar reações físicas de sufocamento. No entanto, o Gabinete de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) teme que o método seja uma forma de tortura.

O órgão exigiu que a execução de Smith fosse suspensa pelo estado do Alabama. “Estamos preocupados que a execução de Smith nestas circunstâncias possa violar a proibição de tortura ou outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes, bem como o seu direito (como pessoa condenada) a soluções eficazes”, disse Ravina Shamdasani, porta-voz do Escritório de Direitos Humanos.

O pedido da ONU foi ignorado pelas autoridades estadunidenses. Pessoas presentes na execução de Smith afirmaram que o detento ficou consciente por vários minutos e apresentava sinais de desconforto e dor.

“Ele tremeu e se contorceu na maca”, disse uma testemunha. O reverendo Jeff Hood, conselheiro espiritual de Smith, também estava presente e afirmou que o detento teve convulsões, “foi a coisa mais horrível que já vi”, disse o religioso.

“Um mal inacreditável foi desencadeado esta noite”, acrescentou Hood. O uso de nitrogênio para aplicar a pena de morte é permitido quando não é possível aplicar a injeção letal em três estados norte-americanos: Oklahoma. Alabama e Mississippi.

Em entrevista coletiva, o comissário do Departamento de Correções do Alabama, John Hamm, informou que o detento inalou nitrogênio por 15 minutos antes de morrer. Questionado sobre os tremores, Hamm afirmou que Smith parecia estar prendendo a respiração.

“Houve algum movimento involuntário e alguma respiração agonizante, então tudo isso era esperado e está nos efeitos colaterais que vimos e pesquisamos sobre a hipóxia por nitrogênio”, justificou Hamm.

Pouco antes da execução, o detento fez uma declaração em que disse: “Esta noite, o Alabama fez com que a humanidade desse um passo para trás”.

O crime

Smith foi um dos três homens condenados pelo assassinato de Elizabeth Sennett. A vítima de 45 anos foi esfaqueada e espancada até a morte em um assassinato encomendado por seu marido, Charles, para receber um seguro de vida.

O marido, que possuía uma amante na época do crime, contratou os homens e prometeu pagar mil dólares a cada um dos três. A ideia era fazer com que Elizabeth aparentasse ter sido morta em um assalto. Charles cometeu suicídio uma semana depois do assassinato.

A polícia descobriu a participação de Smith no crime devido a um aparelho de videocassete roubado da vítima. Após uma denúncia anônima, a casa do assassino foi revistada e o toca-fitas foi encontrado. No julgamento, Smith negou que tivesse agredido Elizabeth, mas admitiu que estava presente quando ela foi morta.

Após a primeira condenação, com pena de morte, a defesa de Smith apelou e consegui um novo julgamento. Desta vez, 11 dos 12 membros do júri votaram por prisão perpétua, mas o juiz anulou a votação e condenou o homem novamente à morte.

Família da vítima

Elizabeth Sennett tinha 45 anos quando foi assassinada. (Foto: Reprodução / CBN)
Elizabeth Sennett tinha 45 anos quando foi assassinada. (Foto: Reprodução / CBN)

“Kenneth Smith tomou algumas decisões erradas há 35 anos e sua dívida foi paga esta noite”, disse Mike Sennett, filho da vítima, em uma entrevista coletiva. Ele afirmou ainda que estava feliz por “este dia ter acabado”.

A família, no entanto, demonstrou tristeza devido à atenção dada ao condenado. “Parece que grande parte do foco hoje está em Smith e seu processo de nitrogênio. Isto é algo que nos chateia”, afirmou Mike.

“O que está acontecendo ofusca o que realmente aconteceu”, disse Chuck Sennett, irmão de Mike. “Ele tem que pagar o preço pelo que fez à nossa mãe, uma mulher amorosa e atenciosa”, acrescentou.

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