ANÁPOLIS GOIÁS
MADRUGADA SERTANEJA
Atualizado em 25/03/2024 - 12:40

A Polícia Federal (PF) concluiu que os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão idealizaram o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes. O crime teria sido planejado pelo comandante da Polícia Civil do Rio de Janeiro (RJ), delegado Rivaldo Barbosa.

A identidade dos autores intelectuais do assassinato está no relatório final da investigação. O mesmo documento expediu os mandados de prisão cumpridos pela PF neste domingo (24). O relatório foi divulgado após a prisão dos três, quando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), removeu o sigilo do inquérito.

Quem mandou matar Marielle?

Domingos Brazão é conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro e possui foro privilegiado. Ele foi deputado estadual pelo Rio de Janeiro durante cinco mandatos seguidos e é investigado por compor um esquema de propina envolvendo contratos do estado. Domingos chegou a admitir que matou um suposto criminoso que teria invadido sua casa, mas foi absolvido.

Domingos Brazão (Foto: GloboPlay)
Domingos Brazão (Foto: GloboPlay)

O deputado federal João Francisco Inácio Brazão, conhecido como Chiquinho (sem partido) também não pode ser julgado pela justiça comum, antes de ser eleito para a Câmara dos Deputados, Chiquinho foi vereador do Rio de Janeiro por 12 anos, tempo em que dividiu o plenário com Marielle, empossada em 2016.

Chiquinho Brazão (Foto: Câmara dos Deputados)
Chiquinho Brazão (Foto: Câmara dos Deputados)

Já o delegado Rivaldo Barbosa assumiu como chefe da Polícia Civil do RJ um dia antes do assassinato de Marielle. Formado em direito, foi convidado para o cargo por Walter Braga Netto, na época interventor federal no RJ.

Em entrevistas à imprensa, a família de Marielle disse que confiava no trabalho de Rivaldo, encarregado de investigar o caso, e que se surpreendeu com o envolvimento dele no planejamento do crime.

Delegado Rivaldo Barbosa (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Delegado Rivaldo Barbosa (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Os irmãos Brazão são políticos tradicionais de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, e, conforme a PF, possuem ligações com as milícias que dominam a região. Conforme a PF, o delegado Rivaldo Barbosa “planejou meticulosamente” o crime e dificultou a investigação. Portanto, o inquérito do caso Marielle foi federalizado em fevereiro de 2023.

A Executiva Nacional do União Brasil decidiu pela expulsão de Chiquinho do partido ainda neste domingo (24)

Por que mandaram matar?

Segundo a PF, Domingos e Chiquinho Brazão dividem o controle de loteamentos sem regulamentação com milícias do RJ. Então, a principal motivação apontada para o crime era que Marielle estava alertando a população para os riscos de aderir a estas ocupações.

Portanto, os loteamentos clandestinos eram especialmente atrativos para pessoas em vulnerabilidade social. Mas após se mudarem, os moradores eram submetidos ao poder das milícias, sendo obrigados a realizar pagamentos mediante ameaça e conviver com o crime.

Ainda conforme o relatório da investigação, os mandantes se encotraram em locais desertos para planejar o assassinato. Então, o primeiro destes encontros teria acontecido em 2017, quando os irmãos Brazão contrataram o miliciano Edmilson Macalé, que convidou o ex-policial militar Ronnie Lessa e o também miliciano Elcio Queiroz para participarem do assassinato.

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