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Atualizado em 29/05/2025 - 12:09
foto de fronteira travada pela greve da receita federal
Aduanas do país estão com filas extensas e esperar de horas (Foto: Sindifisco)

Filas extensas e espera de horas: assim tem sido o roteiro em aeroportos e fronteiras do país. Tais impactos são resultantes da greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que ultrapassou seis meses durante a semana atual. A demora nos procedimentos alfandegários se deve à combinação da operação-padrão — que exige fiscalização minuciosa de todas as cargas, bagagens e veículos — com a atuação de apenas 30% dos profissionais durante a greve. Os pontos, quando juntos, limitam drasticamente a capacidade de atendimento nos terminais aéreos, portos e áreas fronteiriças.

Os efeitos transbordam para a economia. Levantamento do Portal Contábeis mostra que o comércio exterior já perdeu R$ 14,6 bilhões em arrecadação até março por causa do ritmo lento nos portos e que o prejuízo total pode superar R$ 40 bilhões se a greve atravessar 2025. Relatórios internos também apontam R$ 51 bilhões em processos parados no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e risco à restituição do Imposto de Renda.

Operação-padrão

Operação-padrão no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS)(Foto: Sindifisco Nacional)

Passageiros que desembarcaram, na noite de terça-feira (28), no Aeroporto Internacional Salgado Filho, enfrentaram mais de duas horas de espera para retirar as bagagens. A fiscalização minuciosa atingiu cerca de 500 viajantes vindos de Portugal e da Argentina — a segunda operação-padrão no terminal gaúcho em menos de 20 dias. No dia anterior, em Florianópolis, filas chegaram a três horas quando três voos internacionais pousaram simultaneamente.

Nas rodovias, a espera também virou rotina. Desde quarta-feira (21), cada veículo que cruza a Ponte Internacional da Amizade, em Foz do Iguaçu (PR), passa por verificação completa. Na quinta (22), motoristas aguardaram mais de duas horas para atravessar a fronteira Brasil-Paraguai. Em Sant’Ana do Livramento (RS), 1.200 carros foram vistoriados em apenas dois dias, formando extensas filas. No Porto Seco de Mundo Novo (MS), a operação-padrão causou congestionamento de caminhões na BR-163, e no porto lacustre de Santa Helena (PR) o pátio ficou lotado.

As ações fazem parte de uma ofensiva dos auditores-fiscais, que já anunciaram “desembaraço zero” em todas as aduanas na próxima semana. Segundo o Sindifisco Nacional, a inspeção mais detalhada, que inclui a checagem de mais bagagens e mercadorias, ocasiona atrasos nas liberações. Embora a operação-padrão costume priorizar a inspeção de cargas, extraordinariamente, o procedimento também está sendo realizado com passageiros “Não aceitaremos o descaso do governo”, afirmam os servidores em nota.

A operação-padrão em Sant’Ana do Livramento (RS) teve, na quarta-feira (21), cerca de 500 veículos vistoriados.

Reivindicações e próximos passos da greve na Receita Federal

A paralisação começou em 26 de novembro de 2024 e completou hoje 184 dias. Os auditores pedem recomposição salarial de 28 % (perdas desde 2016) e contestam duas resoluções do Comitê Gestor do Programa de Produtividade que reduziram o bônus de eficiência. A última reunião com o Ministério da Gestão e da Inovação (MGI), em 26 de maio, terminou com 95 % da categoria rejeitando a proposta apresentada.

Por fim, o governo sustenta que o bônus já foi regulamentado e que não há espaço orçamentário para cobrir toda a defasagem acumulada. Nova rodada de negociação devem ocorrer em breve. Porém, sem sinais de acordo, a greve se aproxima de se tornar a mais longa da história da Receita Federal.

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