O bem-estar de qualquer comunidade se apoia nos pilares da saúde, educação, segurança e moradia. Para medir até que ponto esses serviços chegam à população, o Índice de Progresso Social (IPS) avalia indicadores sociais e ambientais em todos os 5.570 municípios brasileiros, atribuindo notas de 0 a 100 para a qualidade de vida.
A edição de 2025 do levantamento – divulgada nesta quinta-feira (29) – escancarou contrastes no território goiano. Por aqui, pequenas cidades do interior concentram os piores desempenhos do estado. Entre os 246 municípios de Goiás, Monte Alegre de Goiás, Baliza, Bonópolis, Mundo Novo e Turvânia aparecem na lanterna, todas com pontuação inferior a 53 pontos.
Os resultados revelam gargalos diferentes em cada localidade, mas repetem dois padrões: infraestrutura básica precária e dificuldade de oferecer oportunidades de ascensão social.
Posição no ranking goiano Cidade Nota (0-100) Principais fragilidades apontadas pelo IPS 1 Monte Alegre de Goiás 50,31 Inclusão social, acesso à informação e comunicação, qualidade do meio ambiente, ensino superior 2 Baliza 50,47 Água e saneamento, segurança pessoal, moradia, acesso à informação e comunicação, ambiente 3 Bonópolis 52,28 Ensino superior, liberdades individuais, água e saneamento, ambiente, segurança 4 Mundo Novo 52,37 Saúde e bem-estar, ambiente, acesso à informação 5 Turvânia 52,71 Inclusão social, ensino superior
A seguir, veja por que cada um desses municípios recebeu as menores notas em qualidade de vida em Goiás.
Monte Alegre de Goiás: a nota mais baixa em Goiás
Com 8,6 mil habitantes espalhados por mais de 3 mil km² no nordeste goiano, Monte Alegre lidera o ranking negativo.
A cidade, vizinha da Chapada dos Veadeiros e da Terra Ronca, amarga carência dupla: falta de internet e telefonia em povoados rurais e inexistência de campus universitário – o mais próximo fica a quase 300 km, em Formosa.
Baliza: saneamento e violência à beira do Araguaia
No extremo oeste, às margens do Rio Araguaia, Baliza tem apenas 3,7 mil moradores, com cerca de metade não tendo acesso à água, segundo dados do Instituto Água e Saneamento (IAS).
A precariedade se reflete na nota mínima em “Necessidades Humanas Básicas”. Ocorrências de furtos rurais e ameaças armadas, comuns na divisa com Mato Grosso, puxam para baixo o indicador de segurança pessoal.
Bonópolis: água escassa, liberdade restrita
Com economia baseada em pecuária extensiva, Bonópolis (3,3 mil habitantes) convive com a índices péssimos em todos os pilares.
A cidade, no noroeste do estado, apresenta alguns dos piores números do país em: Acesso à Educação Superior, Qualidade do Meio Ambiente, Liberdades Individuais e de Escolha, Água e Saneamento e Segurança Pessoal.
Mundo Novo: saúde distante
A 420 km de Goiânia, Mundo Novo soma pouco mais de 6 mil habitantes se destaca negativamente no quesito Saúde e Bem Estar. Os números preocupam quanto a mortalidade por doenças crônicas e a taxa de suicídios.
O desmatamento para abertura de pastagens – visível às margens da GO-239 – também pesou contra o município em “Qualidade do Meio Ambiente”.
Turvânia: oportunidades travadas a 90 km da capital
Embora esteja a menos de duas horas de Goiânia, Turvânia (4,5 mil habitantes) não conseguiu se inserir na dinâmica de crescimento do eixo GO-060.
Sem cursos superiores locais, os jovens precisam se deslocar diariamente para cidades vizinhas ou abandonar os estudos. Cenário que explica a nota crítica em “Inclusão Social” e “Acesso à Educação Superior”.