ANÁPOLIS GOIÁS
MISTURA 97
Atualizado em 02/05/2025 - 20:14
foto das ruínas de Palmira, na Síria
Cidade teve seu apogeu nos séculos I e II d.C (Foto: James Gordon/Wikipedia)

No coração do deserto sírio, colunas de pedra se erguem sob o sol escaldante, como testemunhas silenciosas de uma civilização que, mesmo diante da destruição e da guerra, insiste em permanecer viva. Esta é Palmira — ou Tadmur, como é chamada em árabe — uma das cidades antigas mais emblemáticas do mundo, cujo legado ainda ecoa nos descendentes da imigração sírio-libanesa espalhados pelo Brasil, especialmente em Anápolis.

Fundada há mais de dois mil anos, Palmira foi uma encruzilhada entre o Oriente e o Ocidente. Seu apogeu se deu nos séculos II e III d.C., quando servia de ponto estratégico nas rotas comerciais que conectavam Roma à Pérsia, Índia e China. Sob o domínio romano, contudo, a cidade floresceu como centro de arte, cultura e espiritualidade. Era um verdadeiro oásis de pedra em meio à vastidão árida da Síria Central.

Entre as figuras históricas de maior destaque está Zenóbia, a lendária rainha que desafiou o poder de Roma e governou vastos territórios do Oriente. Sua ousadia e erudição entraram para a história e tornaram-se símbolos de orgulho para muitos com raízes naquela região.

Ruínas e resistência

Local volta a receber turistas timidamente após longo período (Foto: Bernard Gagnon/Wikipedia)

Declarada Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco em 1980, Palmira resistiu ao tempo, mas sofre com os horrores do presente. Durante a guerra civil síria, contudo, a cidade foi ocupada por grupos armados e, em 2015, caiu nas mãos do grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Os jihadistas destruíram monumentos milenares, como os templos de Bel e Baal Shamen, o Arco do Triunfo e o teatro romano. O atentado ao patrimônio foi acompanhado de atos bárbaros, como a execução do arqueólogo Khaled al-Asaad, que dedicou a vida à proteção das ruínas.

Mesmo após a retomada do controle da cidade pelo governo sírio com apoio da Rússia, em 2016, Palmira segue marcada pela destruição. Colunas derrubadas, sarcófagos decapitados e arte coberta de tinta branca são alguns dos vestígios da guerra. A paisagem é ao mesmo tempo desoladora e fascinante.

Esperança entre os escombros

Hoje, com a diminuição dos combates e a abertura gradual de áreas antes inacessíveis, Palmira volta a receber visitantes, ainda que timidamente. “Apesar do bombardeio e da devastação, ainda há civilização aqui”, disse Ziad Alissa, um médico sírio radicado na França que visitou recentemente o local, ao NY Times. A frase ressoa com força entre brasileiros descendentes de sírios, como os muitos anapolinos que carregam no sangue a memória e o amor por essa terra ancestral.

Palmira, apesar de mutilada, continua sendo um símbolo poderoso da capacidade humana de criar e resistir. Sua história não é apenas uma narrativa de glória antiga, mas também um alerta e um apelo: que o patrimônio cultural precisa ser protegido.

Por que Palmira importa para Anápolis?

Muitos anapolinos com ascendência sírio-libanesa carregam em seus sobrenomes e tradições o reflexo de uma herança milenar. A cultura, os valores familiares, a gastronomia e a fé foram transmitidos por gerações — e Palmira, mesmo distante, faz parte dessa conexão emocional e identitária.

Por fim, valorizar a história de Palmira é, em parte, valorizar a própria história de tantas famílias que ajudaram a construir Anápolis. Conhecer essa cidade milenar, todavia, é também um reencontro com as raízes que atravessaram o oceano para fincar no coração do Brasil.

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