Elivan Pereira da Silva, responsável pelo homicídio de cinco pessoas da mesma família, foi condenado pelo Tribunal do Júri de Anápolis. Em julgamento realizado nesta quinta-feira (13), o réu acabou sentenciado a 18 anos e quatro meses de reclusão em regime fechado por crime cometido em 23 de abril de 2016. Na ocasião, ele dirigia embriagado quando causou acidente fatal na GO-330.
Em entrevista exclusiva ao repórter Jonathan Cavalcante da Rádio São Francisco FM, o promotor Eliseu Belo comentou ter usado a palavra “chacina” durante o julgamento. “Cinco pessoas da mesma família morreram dessa forma trágica, foram eliminadas dessa maneira por causa dessa atitude do réu”, comentou.
A atitude referida pelo promotor abrange o tripé que configura o dolo eventual, e que foi utilizado para formatar a pena de Elivan. Primeiramente, Eliseu Belo pontua a alta velocidade do réu, constatada por meio de perícia e elementos visuais após o acidente, como peças do VW Fox arremessadas para longe e o estado de destruição dos veículos envolvidos. “A violência da batida foi tão grande, para vocês terem ideia, que o motor do carro do réu voou por cerca de 10 metros de distância da extremidade da rodovia”.
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Outro ponto reforçador para configurar homicídio doloso foi a embriaguez do acusado. Mesmo se recusando a realizar o teste, policiais conseguiram aproximar o bafômetro da boca de Elivan Pereira da Silva cerca de 2h30 depois da batida. O resultado? Índice de 0,22 miligramas de álcool por litro de ar pulmonar.
Ademais, o fato de dirigir na contramão fecha o tripé de dolo eventual utilizado pela promotoria do caso. Conforme cita Belo, aliam-se ao fator a indiferença do réu e as condições da GO-330 no momento do acidente.
“Ele assumiu o risco de matar porque ele dirigiu em altíssima velocidade, dirigiu embriagado e invadiu repentinamente a contramão pela qual transitavam as vítimas naquele dia e naquele horário. Em plena luz do dia, em um local sem nenhum obstáculo. Isso foi destacado pelos peritos. Nada que fizesse com que o acusado perdesse o controle”.
Semelhanças
O caso, porém, chama atenção não somente pela gravidade do crime, mas também pelas semelhanças com outro caso ocorrido em Anápolis: o de Christiano Mamedio da Silva. Assim como Elivan, ele foi condenado por acidente, que aconteceu em 2020 e vitimou duas pessoas. Este foi o primeiro de crime de trânsito a ser julgado por Júri Popular na cidade.
Contudo, o promotor destacou o entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em casos semelhantes, envolvendo mortes causadas por motoristas embriagados. “Quando há essas circunstâncias, o STJ tem reconhecido o dolo eventual, e isso felizmente tem sido acolhido pelo Tribunal do Júri aqui em Anápolis”, afirmou Belo.
Em tempo
Conforme a Polícia Rodoviária Federal pontua, o motorista dirigia um VW Fox e teria invadido a pista contrária quando atingiu frontalmente um VW Fusca. Todos os ocupantes do veículo atingido morreram no local do acidente e eram da mesma família: o casal Antônio Pedro Cordeiro, de 54 anos, e Elcina Pereira Cordeiro, de 44; a filha deles, Laís Pereira Cordeiro, de 23 anos; o genro, Lucas da Costa Moura, também de 23 anos; e o neto Davi Lucas Pereira Costa, de apenas 2 anos.
Por fim, após o choque inicial, o VW Fox ainda colidiu com um Chevrolet Classic.
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