ANÁPOLIS GOIÁS
VIGÍLIA FRANCISCANA
Atualizado em 11/07/2024 - 18:36
Quantidade de álcool em uma das marcas comparável à de uma cerveja, conforme pesquisa. (Foto: Reprodução)
Quantidade de álcool em uma das marcas comparável à de uma cerveja, conforme pesquisa. (Foto: Reprodução)

Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) identificou uma alta quantidade de álcool em pães de forma industrializados. O levantamento, que testou as 10 marcas mais vendidas, apontou que 60% dos produtos testados contem altos níveis de álcool e que alguns deles seriam até mesmo barrados em um teste de bafômetro.

As marcas testadas foram: Visconti, Bauducco, Wickbold 5 Zeros, Wickbold Sem Glúten, Wickbold Leve, Panco, Seven Boys, Wickbold, Plusvita e Pullman.

A Visconti apresentou a maior porcentagem de álcool, com 3,37%. Bauducco teve 1,17%, Wickbold 5 zeros ficou com 0,89%, Wickbold Sem Glúten com 0,66%, Wickbold Leve com 0,52% e Panco com 0,51%. Plusvita e Pullman tiveram menos que 0,5%. Para se ter uma referência, o volume alcoólico de uma cerveja varia de 2,5% a 5%.

Por lei, uma bebida será considerada alcoólica caso tenha mais de 0,5% de etanol. Isso significa, de acordo com o estudo, que oito das dez marcas de pão de forma testadas precisariam ter um aviso sobre a presença de álcool na embalagem, caso a mesma legislação se aplicasse a alimentos.

Ainda conforme o estudo, caso uma pessoa comesse duas fatias de pão das marcas Visconti, Bauducco e Wickbold 5 zeros, ela poderia ser barrada no bafômetro, já que o limite para passar no teste é de 3,3 gramas de álcool no corpo.

De onde vem este álcool?

Em entrevista à Rádio São Francisco, a nutricionista Suelma Rodrigues Batista explicou que a fermentação dos pães produz etanol, mas que a maior parte dele evapora ainda no forno, de modo que apenas uma quantidade insignificante fica no produto final.

“Este grande volume que observamos no estudo, na verdade, vem de conservantes que são diluídos em álcool e então borrifados sobre os pães, para evitar, por exemplo, o crescimento de mofo”, informou a profissional.

Embora este uso do álcool seja permitido pela lei, Suelma destaca que existem riscos para a saúde, em especial quando as pessoas não sabem que estão ingerindo a substância. “Crianças, idosos e pessoas que fazem uso de medicamentos controlados podem sofrer de forma exacerbada os efeitos negativos do álcool e se quer se darem conta do motivo”, disse.

Além do alcool

“Ao observar a lista de ingredientes de um pão de forma industrializado, seja integral ou não, encontraremos uma lista de conservantes e produtos químicos. Nem de longe este produto será saudável, com ou sem o álcool. Vale o bom e velho pão francês, que é feito de água, fermento e farinha de trigo”, explica ainda a nutricionista.

“Se tem álcool, todo mundo tem direito de saber”

A Proteste, instituição responsável pelo estudo, defende que exista um percentual máximo de álcool permitido nos alimentos e criou a campanha “Se tem álcool, todo mundo tem direito de saber”.

A Associação ainda questiona: “Se os profissionais de Saúde Pública estipulam limites para a presença de álcool em medicamentos fitoterápicos e se exigem avisos em bebidas com 0,5% de álcool ou mais, por que ninguém avisa sobre os pães?”

Um ofício com os resultados foi enviado para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

O que as marcas dizem?

A Wickbold, responsável também pelo marca Seven Boys, disse que não se manifestará antes de conhecer a metodologia da pesquisa. A Pandurata Alimentos, dona da Bauducco e da Visconti, afirmou que adota rigorosos padrões de segurança na fabricação e distribuição dos pães. A Panco disse que não utiliza etanol em seu processo produtivo e que desconhece a metodologia da pesquisa.

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