A Embrapa Solos e o IBGE lançaram uma nova versão do mapa de aptidão agrícola das terras do Brasil, que indica, em nível regional, o potencial do solo considerando três níveis de manejo tecnológico. A ferramenta está disponível gratuitamente na plataforma GeoInfo e no Portal de Dados da Plataforma Tecnológica do PronaSolos.
O mapa avalia a aptidão das terras brasileiras com base em cinco fatores limitantes: fertilidade, disponibilidade de água, excesso de umidade, risco de erosão e dificuldade de mecanização. Também há um sexto fator, “impedimentos ao enraizamento”, para o caso da silvicultura.
Para cada tipo de solo, foram atribuídos graus de limitação que variam de nulo a extremamente forte. Além disso, a iniciativa indica as melhores formas de uso.
A avaliação considera três níveis de manejo: conforme o pesquisar da Embrapa, Amaury de Carvalho Filho, explica. O nível A, com técnicas simples e de baixo custo; o nível B, com uso moderado de tecnologia; e o nível C, com alta tecnificação e investimento.
“A metodologia permite identificar áreas adequadas tanto para a agricultura familiar quanto para grandes empreendimentos agrícolas”, explica Carvalho Filho.
Boas, regulares ou restritas
A classificação aponta se as terras são “boas”, “regulares” ou “restritas” para o cultivo de lavouras em cada nível de manejo. Em áreas com limitações severas, o uso recomendado pode ser a pastagem plantada, pastagem nativa ou silvicultura. Já terras consideradas inaptas devem ser preservadas ou destinadas a outros fins não agrícolas.
Os dados utilizados para compor o mapa incluem o Mapa de Solos do Brasil (IBGE, 2018), áreas desmatadas da Amazônia Legal (Inpe/Prodes) e informações sobre unidades de conservação e terras indígenas (MMA, 2020). O trabalho segue o Sistema de Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras, método desenvolvido pela Embrapa.
Para o pesquisador José Francisco Lumbreras, a nova versão do mapa é um instrumento estratégico para planejamento regional, direcionamento de políticas públicas e gestão sustentável do território agrícola. “Mesmo em escala ampla, ele pode subsidiar decisões sobre zoneamentos, extensão rural e uso racional dos recursos naturais”, afirma.
Apesar de não ser aplicável diretamente ao nível de fazendas, o mapa é uma referência valiosa para governos, cooperativas, associações rurais e grandes produtores. Ele também fortalece programas como o PronaSolos e o Zoneamento de Risco Climático (Zarc).