O café persiste como um dos vilões da inflação de alimentos, após subir 46% no varejo em 2024. A tendência é que a bebida mais consumida no país continue a subir seus preços, principalmente por conta de problemas climáticos que afetam as safras. Além disso, a exportação em alta e a desvalorização do real frente ao dólar também impactam no bolso do consumidor brasileiro.
Em Anápolis, o cenário é o mesmo. Alguns cidadãos já vêm reduzindo o consumo da bebida para comprometerem menos as finanças. Vale pontuar que o preço do pacote com 500g do café tem custado em torno de R$ 40 em supermercados e feiras da cidade.
“Tem nem como tomar café mais todo dia. Agora é só pingadinho”, brinca Omélia, que trabalha na Feira Coberta da Vila Formosa, ao ser entrevistada pelo repórter Victor Santos. Já Regina admite ter substituído a bebida pelo chá: “Ninguém precisa de ficar só no café”.
Mesmo com alguns deixando o café de lado, a demanda pelo grão segue incessante apesar dos preços mais altos. Números da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) apontam que o consumo da bebida cresceu entre novembro de 2023 e outubro de 2024 e atingiu volume perto de 22 milhões de sacas de 60 quilos.
“Te falar a verdade, pode estar até R$ 50, mas brasileiro que gosta de café não vai parar de beber não” comenta Rafael em áudio enviado ao programa São Francisco News. A fala coincide com os dados da Abic, ressaltando a relação firme entre o grão e a população do Brasil. “Eu não fico sem o café não. Pode ser caro, pode ser barato. Mas eu não fico sem”, reforça Maria das Graças.
Por que o café está tão caro?
O estoque baixo de café é resultado da falta de chuvas durante o desenvolvimento das lavouras. Muitos produtores precisaram adotar técnicas para a manutenção nas lavouras, aumentando os gastos com a produção. O mesmo aconteceu no combate às pragas que aparecem junto com as temperaturas altas. Outro fator de elevação do preço nas prateleiras são as exportações.
Os números refletem quebras de produção em outros importantes fornecedores do mercado internacional, como Vietnã e Indonésia, que também tiveram problemas climáticos. Isso em um cenário de aumento no consumo da bebida, de acordo com especialistas e agentes do mercado.
Leia mais:
Qualidade do café brasileiro sob alerta: Entrevista com a engenheira de alimentos Pina Luchetti