ANÁPOLIS GOIÁS
SHOW DA SÃO FRANCISCO
Atualizado em 27/06/2025 - 12:35
foto da rua JM 23, em Anápolis, mostrando caminhão impedindo saída de carro da garagem
Dificuldade para sair, dificuldade para chegar: essa é o cotidiano dos moradores de rua em Anápolis (Foto: Cedida à Rádio São Francisco)

Moradoras da Rua JM 23, uma via sem saída no Setor Sul Jamil Miguel em Anápolis, afirmam viver uma rotina complicada devido ao fluxo de caminhões que abastecem um supermercado instalado na esquina.

Conforme relatam, o congestionamento impede a saída e entrada de veículos das garagens e, por consequência, dificulta o fluxo para emergências. Além disso, as reclamações também cercam a circulação de pedestres e um dos direitos fundamentais para com os cidadãos.

“Cada um tem o direito de ir e vir […] queremos poder sair e entrar de casa quando a gente precisar”, contou Helen ao repórter Victor Santos, da São Francisco FM.

Ela, que mora na rua há mais de 10 anos, acrescenta: “Às vezes a gente vai sair para levar filho na escola, ou para buscar, ou até mesmo quando alguém passa mal, você não consegue nem tirar o carro. E o grande problema é que é uma rua sem saída, impedindo a circulação de caminhões, carros e até mesmo pessoas aqui”. Ela ressalta que o incômodo se intensificou após a construção de um galpão de recebimento de mercadorias ao lado do ponto comercial.

Desconforto na Rua JM 23 vai além

O desconforto vai além do bloqueio físico da via. Segundo Helen, tem vezes em que os caminhões passam a noite estacionados na rua para descarregar pela manhã. “A gente precisa levantar cedo para procurar o caminhoneiro… temos trabalho, filho para levar à escola. É difícil”. Ela também relata que os motores das câmaras frias permanecem ligados durante a madrugada, provocando barulho constante e dificultando o descanso dos moradores.

Os moradores da rua relatam que já buscaram apoio da Companhia Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT), mas a resposta foi frustrante. “Entramos em contato e, em vez de nos defenderem, eles foram até o mercado e disseram: ‘Os moradores estão indo contra vocês’. Ou seja, ao invés de nos apoiar e instalar uma placa de proibição — porque, pelo que verificamos, em uma rua sem saída não pode entrar caminhão, nem transitar, muito menos estacionar”, afirma Angélica, também moradora da via.

A autarquia, contudo, informou à reportagem que operações de carga e descarga devem respeitar o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e o Plano Diretor. Com isso, supermercados devem contar com áreas internas para manobras e nunca bloquear vias, especialmente as que não têm saída.

Técnicos constataram a falta de sinalização vertical de “Rua sem saída” e prometeram instalá-la. Além de estudar restrições de estacionamento e outras intervenções para reduzir riscos de acidentes e melhorar a mobilidade dos moradores da via em Anápolis.

Além de ser sem saída, a rua é estreita (Foto: Cedida à Rádio São Francisco)

Empreendimento comercial rebate reclamações dos moradores

Em áudios enviados à reportagem, um representante do estabelecimento comercial rebate as críticas e alega que a atividade no local é anterior à ocupação residencial massiva: “Eu estou aqui há 25 anos. Quando eu vim para esse bairro, não tinha uma alma viva aqui. Quem mudou para cá, sabe muito bem como funciona uma casa próxima a um supermercado”.

Ele afirma ter transferido a área de carga da Avenida Acadêmico Adail para a rua depois de autuações. Além disso, garante não obstruir a via. “Se você quiser vir cá, você pode vir. Aí vocês olham se eu estou obstruindo a rua”. A reportagem esteve no local na quinta-feira (26) e constatou a presença de caminhões dificultando a passagem na rua sem saída.

O representante do supermercado de Anápolis acrescentou, ainda, que um dos veículos de grande porte pertence a um dos moradores da rua. “Caminhão ligado com câmera fria nunca pernoitou aqui na porta. Nunca. O caminhão que pernoita aqui, fica 24 horas, não é nosso”.

Confira a nota do supermercado na íntegra, enviada pelo departamento jurídico

“O Supermercado está estabelecido no local há quase 25 anos. Tem participado do crescimento da região e crescido junto com ela e obviamente enfrentando os desafios que advém do crescimento como a questão do trânsito.

Nesse sentido, o supermercado investiu em amplo estacionamento próprio contando hoje com uma área de mais de 1000 metros quadrados de estacionamento exclusivo e tem mantido estreito diálogo com a CMTT para que os impactos na região sejam minimizados, para respeito aos direitos a estacionamento para os Portadores de Necessidades Especiais dentre outros.

Com relação à carga e descarga de mercadorias, o Supermercado cumpre o protocolo legislativo e, procura combater qualquer irregularidade cometida por terceiros entregadores de seus fornecedores.

Esclarece, contudo, que o fluxo de caminhões no local é muito grande em função da vocação comercial do bairro, muito próximo da Av. Brasil e do CEASA. Além disso, existem moradores próximos que também possuem caminhões que permanecem estacionados no local mas sem nenhuma ligação de recebimento ou entrega de mercadorias ao estabelecimento em questão.

Vale destacar que o supermercado oferece hoje mais de 70 vagas de empregos diretos e muitos mais indiretos além do recolhimento em dia de elevada contribuição tributária.

Reforça, contudo, o seu compromisso com o desenvolvimento e progresso da cidade, oferecendo emprego, serviços e produtos à comunidade adjacente, cumprindo integralmente a função social da iniciativa privada, sempre ouvindo a comunidade e seus anseios diretamente, sem prejuízo de sua atividade precípua.

Acerca das informações aventadas de modo temerário e inverídico, como é comum em tempos de redes sociais e concorrência desleal, a empresa informa que, cumpre estritamente a legislação municipal, sendo constantemente fiscalizada pelos órgãos competentes como PROCON, VIGILÂNCIA SANITÁRIA, CORPO DE BOMBEIROS, INMETRO, CMTT, SEFAZ municipal e estadual, e demais órgãos competentes, possuindo todos os alvarás necessários ao seu regular funcionamento.

O Supermercado, por sua gerência e seu departamento jurídico, se coloca à disposição da imprensa, das autoridades e dos moradores para quaisquer esclarecimentos.

FRIOS FERREIRA, PRODUTOS DE QUALIDADE À SUA MESA.”

Confira a nota da CMTT na íntegra

“A CMTT informa que as operações de carga e descarga devem obedecer às normas do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), ao Plano Diretor do Município e demais legislações pertinentes, especialmente no que se refere ao impacto viário em áreas residenciais. Atividades com potencial gerador de tráfego, como supermercados, devem prever áreas internas para manobras, de modo a minimizar os impactos nas vias públicas do entorno, sendo vedado o bloqueio dessas vias — em especial das que não possuem saída — salvo autorização prévia e específica.

Durante vistoria técnica da CMTT, foi constatada a ausência de sinalização vertical de “Rua Sem Saída”, cuja implantação será providenciada de forma imediata. Adicionalmente, será avaliada a viabilidade de medidas complementares, como restrições de estacionamento ou outras intervenções, com o objetivo de mitigar os impactos negativos observados, como obstrução da via, dificuldades de acesso para serviços essenciais, aumento do risco de acidentes e prejuízos à mobilidade e segurança dos moradores.”

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