Embora pequena no mapa, a cidade de Minaçu acumula potencial para ser gigante no tabuleiro geopolítico global. O município, com pouco mais de 30 mil habitantes, tornou-se um dos pontos mais estratégicos e importantes na corrida por ‘terras raras’. O conjunto de minerais é indispensável para a indústria de alta tecnologia e a transição energética. Porém, tais metais não são encontrados com frequência, conforme o nome já diz.
Na era dos carros elétricos, turbinas eólicas, mísseis inteligentes e drones, esses metais — como neodímio, térbio e disprósio — já são o “novo petróleo”. E é exatamente no subsolo de Minaçu que está um dos maiores depósitos fora da Ásia desses recursos cada vez mais escassos.
A mina da Serra Verde, que entrou em operação comercial no último ano, é atualmente a única fora da Ásia capaz de produzir ‘terras raras’ pesadas em escala significativa. Ela já atraiu investimentos milionários dos Estados Unidos para entrar em ação e está no radar direto da Casa Branca, que estuda financiar a expansão do projeto.
Porém, há um detalhe que torna Minaçu palco de algo ainda maior: quase toda a produção de ‘terras raras’ está fechada com a China até 2027. Afinal, o país asiático detém a tecnologia e a infraestrutura necessárias para processar e separar esses elementos, diferente das forças ocidentais.
“Você pode até extrair os minerais, mas separá-los é o verdadeiro desafio”, afirmou Constantine Karayannopoulos, especialista canadense em terras raras, ao New York Times. “Já analisei entre 600 e 700 projetos em todo o mundo e, na minha opinião, o Brasil tem os melhores. O Brasil poderia virar o jogo”.
‘Terras raras’: Minaçu na disputa entre EUA e China
A tendência é que as ‘terras raras’ de Minaçu sigam atraindo atenções, ainda mais conforme a escalada de ânimos entre EUA e China também aumenta. Pequim controla cerca de 90% do fornecimento de terras raras à indústria e recentemente, em retaliação aos Estados Unidos, colocou fortes controles de importação sobre os minerais. Antes, Donald Trump já havia imposto “tarifaço” ao país asiático.
Analistas enxergam Minaçu como um possível ponto de virada: com os investimentos certos e uma estratégia nacional clara, o país poderia deixar de ser peão e se tornar protagonista no novo xadrez geopolítico das matérias-primas críticas. Enquanto isso, os olhos do mundo seguem voltados para a tranquila cidade goiana, onde o futuro da energia limpa e da defesa global já começou a ser extraído — tonelada por tonelada.
Leia mais:
Caças Gripen alocados em Anápolis ainda não defendem plenamente o espaço aéreo brasileiro