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Atualizado em 16/09/2024 - 12:41
Acusações de assédio envolvem investidas sexuais e até mesmo convites para sexo a três e consumo de drogas. (Foto: Reprodução)
Acusações de assédio envolvem investidas sexuais e até mesmo convites para sexo a três e consumo de drogas. (Foto: Reprodução)

Antônio Carlos Severo Menezes, de 59 anos, até então professor de química da Universidade Estadual de Goiás (UEG), foi formalmente demitido por cometer assédio moral e sexual contra estudantes do campus Henrique Santillo, em Anápolis. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado de Goiás no dia 13 de setembro de 2024.

O caso se tornou público em junho de 2023, quando uma aluna denunciou o docente à universidade. Desde então, a Polícia Civil passou a investigar o professor. O processo que resultou na demissão foi uma sindicância administrativa que também apurou abusos cometidos contra outros estudantes, relatos mais antigos datam de 2004.

Em nota, na época, a UEG esclareceu que no dia 6 de julho foram dados os encaminhamentos legais para a apuração dos fatos e que, desde então, esta vítima não teve mais contato com o professor. “Caso a sindicância apure o assédio, o rito formal é a abertura de processo administrativo disciplinar que prevê penalidades administrativas adequadas à gravidade do fato”, afirmou a universidade.

Antônio foi afastado das atividades de ensino em agosto de 2023, enquanto as investigações corriam em sigilo. Na época, a defesa do docente alegou que ele negava as acusações e que as estudantes mentiram por rancor, devido a reprovações nas disciplinas ministradas por ele.

Vítima revela detalhes dos abusos

Em entrevista à Rádio São Francisco FM, uma das vítimas que era discente do curso e prefere não se identificar relata abusos cometidos contra ela e outros estudantes. “O assédio acontecia com moças e rapazes, era tanto sexual quanto moral, como foi o meu caso”, revela.

A vítima, que não terá o gênero especificado, contou que estava passando por sérias dificuldades financeiras quando foi orientada por uma professora a procurar Antônio, que tinha um histórico de ações de caridade na instituição.

“Ele pediu que eu fosse até a sala e contasse toda a minha situação. Eu fiz isso, falei que minhas contas estavam todas atrasadas e que eu precisava de dinheiro, nem que fosse emprestado”.

Conforme o relato, Antônio não emprestou nenhum dinheiro e começou a assediar a vítima. “A partir deste dia, sempre que ele me via, pegava na minha mão, acariciava o meu braço e flertava comigo. Eu sentia muito nojo dele e fiquei sem saber como agir”.

Esta situação teria ocorrido em 2019 e durado por cerca de 2 meses. Neste período a vítima também presenciou assédios cometidos contra outros estudantes, inclusive uma amiga próxima.

“Quando eu e ela estávamos juntas nos corredores ou na sala, ele sempre nos oferecia chocolate. Também tocava no braço dela e fazia elogios. Como todo mundo, nós evitávamos o máximo possível encontrá-lo”, disse a vítima.

No semestre seguinte, no entanto, a vítima foi forçada a conviver com o professor, já que ele ministrava uma disciplina obrigatória do curso. Neste período, o(a) estudante relata ter testemunhado várias piadas sexuais proferidas pelo docente, que fazia referência às alunas.

“Várias vezes eu vi ele pedir para um rapaz que cheirasse o seu pescoço e ele também ficava tocando nele. Também fazia muitos gestos de teor sexual com as mãos e a boca enquanto falava”.

Segundo a denúncia, o ex-professor teria frequentemente encurralado alunas e alunos em cantos, fechado a porta de salas e laboratórios para ficar junto com eles, encochado discentes, forçado beijos na boca, feito convites para consumo de álcool, drogas e até para sexo a três.

Outras formas de violência incluiriam ofensas à inteligência dos estudantes, bem como disseminação de informações falsas sobre eles.

“Ele era muito influente, conseguia fazer um aluno perder um estágio se quisesse e ainda nos dizia que já o haviam processado e que ele tinha ganhado, o que depois descobrimos que era mentira”. O poder exercido pelo professor foi um fator decisivo para atrasar as denúncias, que só emergiram após o processo formal.

Defesa do professor

Na época do início do processo, a defesa de Antônio alegou em nota que ele negava as acusações de assédio e que as afirmações das estudantes tratavam-se de mentiras criadas para atacar a reputação do professor, que era do quadro permanente da UEG.

No mesmo documento, os alunos e alunas que fizeram as denúncias foram acusados de atacar o docente “especialmente por não terem sido aprovadas ou terem se sentido prejudicadas nas matérias que cursaram com o professor enquanto eram suas alunas, o que ocorreu, evidentemente, por falta de capacidade delas”.

Além disso, a defesa afirmou que iria identificar e processar as pessoas que denunciaram, tanto na esfera civil quanto na criminal. A defesa ainda não se manifestou após a demissão.

*Com informações do g1

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