O tenente-coronel Mauro Cid foi preso após prestar depoimento nesta sexta-feira (22) ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro foi chamado a prestar esclarecimentos após a revista Veja publicar áudios em que o militar critica a atuação de Moraes e da Polícia Federal.
O depoimento durou cerca de uma hora e foi presidido pelo desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes. Também esteve presente um representante da Procuradoria-Geral da República (PGR), além da defesa do militar.
Ele voltou a ser preso por descumprir medidas cautelares impostas por Alexandre de Moraes e pelo crime de obstrução de justiça. Após ser informado de que seria preso, Cid passou mal e foi atendido por uma equipe de brigadistas do Supremo.
Mauro Cid foi levado para o Batalhão da Polícia do Exército, em Brasília. Após ter a prisão determinada, ele passou por exame de corpo de delito na Superintendência da Polícia Federal (PF) e foi levado para o batalhão militar por ser oficial do Exército, cargo que não permite a prisão em presídio comum.
Durante o depoimento, a Polícia Federal fez uma operação de busca e apreensão na casa de Mauro Cid, que fica no Setor Militar Urbano (SMU), na capital federal.
Colaboração premiada
Cid assinou acordo de colaboração premiada após ter sido preso no âmbito do inquérito que apura fraudes em certificados de vacinação contra covid-19. Mauro Cid cooperou também com o inquérito sobre uma tentativa de golpe de Estado que teria sido elaborada no alto escalão do governo Bolsonaro.
Ele estava em liberdade desde setembro do ano passado, quando teve a delação homologada por Alexandre de Moraes.
Afirmações
De acordo com a reportagem da Veja, Cid afirmou que foi pressionado pela PF a delatar episódios dos quais não tinha conhecimento ou “o que não aconteceram”.
O ex-ajudante também afirmou, segundo a publicação, que a Procuradoria-Geral da República e Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre o militar no STF, têm uma “narrativa pronta” e estariam aguardando somente o momento certo de “prender todo mundo”.
A defesa de Mauro Cid afirmou que as falas “não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando, advindos da investigação e dos efeitos que ela produz perante a sociedade, familiares e colegas de farda”.