Quando Josiete Pereira do Carmo saiu de casa no último dia 31 para aproveitar o revéillon de 2024 no Rio de Janeiro, não esperava fosse passar a noite na cadeia. Tudo aconteceu devido a um erro no sistema de reconhecimento facial utilizado pela Polícia Civil durante a festa.
A mulher foi confundida com outra pessoa, que tinha um mandado de prisão em aberto por roubo e formação de quadrilha. Josinete passou 20 horas presa e perdeu a maior parte das comemorações. Após o constrangimento, ela gravou um vídeo em que desabafa sobre a situação. “Vocês não sabem trabalhar. Quero indenização. Quero meus direitos!”, protesta.
Confira o vídeo:
Questionamentos sobre a eficiência da tecnologia
Em dezembro de 2023, um levantamento do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) mostrou que 47,6 milhões de brasileiros estão potencialmente sob vigilância de câmeras de reconhecimento facial no país.
Segundo a coordenadora do estudo, Thallita Lima, a tecnologia de reconhecimento facial precisa ser mais bem pensada e regulamentada, antes de ser tão amplamente utilizada. Ela questiona a eficiência da tecnologia, uma vez que não há efeitos práticos na redução da violência, onde ela tem sido usada.
“A gente tem estudos, desde 2018, que mostram que as tecnologias de reconhecimento facial são enviesadas e, portanto, vulnerabilizam principalmente grupos minoritários, como pessoas negras, mulheres negras em especial, pessoas não-binárias. Por isso, a gente precisa refletir quais são os riscos quando a gente usa essa tecnologia de forma tão ampliada no nosso espaço urbano”, explicou a pesquisadora.
Apesar do erro, a Secretaria de Segurança do Rio defendeu a tecnologia, afirmou que ela possui uma “precisão muito grande” e respaldou a conduta dos policiais. “Se o sistema mostra alguma informação sobre uma pessoa com mandado de prisão em aberto é função da polícia chegar a esta pessoa e checar a informação”, disse em nota.
*Com informações da Agência Brasil
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