Hyatt Omar tem 25 anos e nasceu no Brasil, em Pelotas – Rio Grande do Sul, mas como é filha de pais palestinos, possui dupla cidadania e passaporte palestino. A influenciadora muçulmana que hoje vive em Toronto, no Canadá, viralizou nas redes sociais esta semana com um vídeo em que fala sobre a própria experiência em viagens e visitas a familiares na Palestina. Hyatt é também palestrante convidada da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
O vídeo, postado no último sábado (14), já atingiu 1,3 milhão de visualizações. “Então como todo mundo parece ter virado especialista em Israel e Palestina nos últimos dias, decidi fazer este vídeo para compartilhar com vocês como funciona para os palestinos entrarem, saírem e se locomoverem dentro de suas próprias terras no cenário atual”, começa Hyatt.
A influenciadora explica então que se considera privilegiada por possuir o passaporte, já que diversas pessoas nascidas na Palestina estão sob o status de refugiadas e não conseguem obter ou reaver o documento. Para que Hyatt consiga chegar à Cisjordânia e visitar seus familiares, é preciso obter autorização do governo israelense, já que a Palestina não tem autorização para construir um aeroporto próprio, e então entrar por terra no país. O que, segundo ela, é realizado por apenas dois ônibus, com longas filas e períodos de espera.
“Ataques em nossos lugares sagrados, humilhação diária, limpeza étnica, bloqueio ilegal, ataques às cidades palestinas e invasões diárias a casas palestinas. Essas práticas discriminatórias têm nome, e se chama apartheid“, denuncia a ativista.
Dentro da Palestina
As dificuldades não acabam na fronteira, conforme Hyatt, há diversas instalações militares com soldados israelenses armados dentro de território palestino. A ativista relata ainda algumas das ações realizadas pelo governo de Israel dentro da Palestina: revistas em automóveis a qualquer momento, catracas com oficiais armados para entrada em Mesquitas, instalação de assentamentos defendidos por forças israelenses e fechamento de estradas.
“Se a gente parar para pensar, não tem como a paz voltar porque ela nunca começou e nem vai começar, caso, por exemplo, as resoluções da ONU, não sejam aplicadas. Como, por exemplo, o direito dos refugiados palestinos de voltarem as suas terras, a ocupação se retirar e os assentamentos ilegais de colonos serem retirados de território palestino”, conclui Hyatt.
Confira a íntegra do vídeo:
Origens da guerra
No vídeo, Hyatt se refere às resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU). A instituição foi responsável, em 1947, por elaborar o Plano de Partilha da Palestina. O território que então pertencia a esta nação foi dividido para abrigar os judeus sionistas após a Segunda Guerra Mundial, marcada pelo nazismo. 53% do território foi atribuído aos 700 mil judeus, e 47% aos 1 milhão e 400 mil muçulmanos.
Desde o início, os palestinos se posicionaram contra a medida e argumentaram que ela violava a Carta das Nações Unidas, segundo a qual, cada povo tem o direito de decidir o próprio destino. Os judeus ocuparam o território e, após a declaração de Independência do Estado de Israel, em 1948, ficaram para a Palestina apenas os territórios da Faixa de Gaza e Cisjordânia.
Nos dias atuais, Israel avança ainda mais sobre territórios da Cisjordânia. Especialistas em Direito Internacional apontam as ações israelenses como causa da reação violenta pelo Hamas, grupo paramilitar que atualmente controla a Faixa de Gaza.