A Indústrias Nucleares do Brasil (INB), única empresa autorizada pela União a extrair e processar urânio em território nacional, negou os boatos que circulam nas redes sociais sobre um suposto envio do material ao Irã. Segundo a estatal, as informações representam uma fake news.
A repercussão do boato ocorre em meio à escalada de tensões no Oriente Médio. Neste contexto, o Brasil foi citado como possível fornecedor de urânio para o programa nuclear iraniano, levantando suspeitas infundadas nas mídias digitais.
Na rede social X, por exemplo, diversos perfis começaram a circular com a informação falsa. “Rapaz, se for verdade esse boato que o Brasil forneceu urânio para o Irã… a merd* será MERECIDAMENTE gigantesca”, disse um post com mais de 20 mil curtidas e alcança superior a 4 milhões de visualizações.
Entretanto, apesar da negativa oficial da estatal brasileira, não houve retratação por parte de quem emitiu o boato.
Nota da INB: ‘fins pacíficos’
Em nota enviada à imprensa, a INB reforçou que não mantém qualquer relação comercial com o Irã. “A informação de envio de urânio da INB para o Irã é uma fake news. A INB não tem qualquer negócio com o Irã e jamais teve”, afirma o comunicado.
A estatal também esclareceu que suas atividades seguem rigidamente os protocolos internacionais, com produção voltada para geração de energia elétrica, aplicações na agricultura, na medicina e na preservação de obras de arte. O trabalho da INB é acompanhado de perto por órgãos de controle como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e o Ibama.
Ainda segundo a empresa, no que diz respeito a exportações, o único destino do urânio brasileiro é a Rússia. Lá, o material passa por um processo de conversão em gás, que depois retorna ao Brasil para ser enriquecido.
Esse processo é uma etapa comum no ciclo do combustível nuclear, utilizado nas usinas de Angra 1 e Angra 2. A próxima remessa para a Rússia está prevista para o segundo semestre deste ano, como parte das operações regulares da INB.
Israel x Irã
O conflito recente entre Israel e Irã começou na sexta-feira (13) após uma escalada nas tensões ligadas ao programa nuclear iraniano. O país judeu lançou ataques contra instalações de enriquecimento de urânio, alegando que os iranianos estariam próximos de desenvolver uma bomba atômica.
Os bombardeios ocorreram em meio a negociações entre Teerã e os EUA para um novo acordo nuclear. Embora o Irã defenda que seu programa tem fins civis, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) alerta para o avanço rápido do enriquecimento de urânio.
Mísseis israelenses atingiram centros nucleares em Fordow e Isfahan, e o premiê Benjamin Netanyahu classificou o programa iraniano como uma ameaça existencial para Israel. Mais de 200 pessoas já foram mortas em ambos países.
