Nos últimos dias, o nome de Laysa Peixoto passou de promessa da ciência brasileira a personagem de controvérsias. Após viralizar com o anúncio de que seria “a primeira mulher astronauta brasileira”, uma avalanche de inconsistências em seu currículo acendeu um alerta: onde termina a conquista legítima e começa o marketing pessoal exagerado?
Formada no ensino médio técnico em Informática, Laysa iniciou o curso de Física na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Porém, segundo a própria instituição, a mineira de 22 anos foi desligada em 2023 após não se matricular.
Ela alega ter transferido seus estudos para o Manhattan College, em Nova York. Uma informação difícil de confirmar, dado o sigilo da instituição e o perfil no LinkedIn da jovem, que foi desativado. No mesmo ano, Laysa apareceu em destaque na lista da ‘Forbes Under 30’ na categoria Ciência e Educação.
Entre prêmios e experiências reais, Laysa conquistou, sim, reconhecimento: participou do programa educacional L’SPACE, da Universidade Estadual do Arizona. A iniciativa é voltada à capacitação de estudantes para projetos inspirados nas demandas da NASA.
Laysa também tem registros de medalhas em olimpíadas de astronomia e de participação em iniciativas voltadas à ciência espacial.
‘Astronauta brasileira’ foi desmentida pela NASA
No entanto, suas alegações de vínculo com a NASA foram oficialmente desmentidas pela agência americana, que afirmou que o programa L’SPACE “não configura emprego, estágio ou qualquer afiliação direta com a agência”. A linha entre a participação em atividades educacionais e a representação pública dessas experiências, contudo, se tornou tênue.
Em seus perfis nas redes sociais, a ‘Astronatura de Taubaté’ chegou a afirmar que liderava pesquisas ligadas à NASA. Além disso, Laysa afirmou que faria parte de uma missão espacial em 2029 com a empresa privada Titans Space, fato que acarretou em todo o ‘bafafá’ recente.
Afinal, a empresa não tem autorização para voos espaciais conforme a Administração Federal de Aviação dos EUA aponta. O nome da mineira também não consta entre os integrantes técnicos da missão prevista.
Busca por notoriedade
Por fim, o caso revela um fenômeno preocupante: a profissionalização da imagem acadêmica em plataformas como Instagram e LinkedIn. Por lá, títulos e feitos ganham interpretações mais ambiciosas que os fatos sustentam.
Embora parte das conquistas de Laysa seja legítima, a narrativa criada ao redor de sua trajetória como ‘astronauta brasileira’ compromete a confiança do público na ciência e em seus divulgadores.