O café pode estar cheirando mais forte, mas também está pesando mais no bolso dos brasileiros. Nos últimos 12 meses, o preço do café moído disparou 80,2%, a maior alta desde o Plano Real, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação do produto superou todos os 377 itens pesquisados no IPCA e, só em abril, ficou 4,48% mais caro, puxando para cima o custo do grupo de alimentação e bebidas.
Enquanto o consumidor paga mais caro pelo cafezinho, o Brasil caminha para colher uma das maiores safras da história, com mais de 55 milhões de sacas previstas em 2025, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produção será 2,7% maior do que a do ano passado, mesmo em um período considerado de menor produtividade para o café arábica.
Esse aparente paradoxo entre produção e preço tem explicação. O aumento de safra se deve, principalmente, ao bom desempenho do café conilon, cuja produtividade disparou após condições climáticas favoráveis. Já o café arábica, mais consumido no Brasil, sofreu com estiagens e calor excessivo em regiões produtoras, o que limitou a oferta.
Além disso, os efeitos do mercado internacional continuam influenciando os preços internos. Mesmo com exportações em queda — uma redução de 27,7% em abril em relação ao ano anterior — a receita com a venda externa do café cresceu 41,8% no mesmo período, refletindo os preços mais altos no mercado. Para o consumidor final, isso se traduz em prateleiras mais caras.
Apesar disso, há uma luz no fim da xícara: com a entrada da nova safra, especialmente de conilon, o mercado espera uma estabilização nos preços ao longo dos próximos meses. Até lá, os brasileiros seguem enfrentando o amargo da inflação no preço do café, apesar de uma colheita que promete ser histórica.
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