A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul investiga se fragmentos ósseos encontrados nas fezes da onça-pintada que matou o caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, são de origem humana. O animal, capturado após o ataque em Aquidauana (MS), região do Pantanal, permanece sob observação no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), em Campo Grande.
Peritos da Polícia Científica estadual analisam os fragmentos e os restos mortais de Jorge para confirmar se o material pertence a ele. O delegado Luis Fernando Domingos Mesquita, responsável pela investigação, solicitou exames biológicos e testes de DNA para comparação genética.
O ataque aconteceu em 21 de abril no pesqueiro Barra do Touro Morto, onde Jorge trabalhava. Ele desapareceu naquele dia, após compradores de mel encontrarem sangue e pegadas de animal perto da casa. No dia seguinte, contudo, equipes localizaram o corpo em uma área de mata fechada, a cerca de 300 metros do local. Marcas no solo indicam que a onça arrastou o corpo.
Onça-pintada não deve retornar à natureza
As autoridades capturaram o animal em 24 de abril. O macho, com cerca de nove anos, chegou ao Cras pesando 94 quilos, 30 kg abaixo do ideal, e com sinais de desidratação. Além disso, o felino apresentou alterações hepáticas, renais e gastrointestinais.
Segundo o governo estadual, o animal está ativo, alerta e se alimenta normalmente. Especialistas avaliam que ele não deve voltar à natureza. A onça deve integrar o Programa de Manejo Populacional da Onça-Pintada, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A suspeita é que a prática ilegal da ceva — oferta irregular de comida para atrair animais — tenha alterado seu comportamento, fazendo com que perdesse o medo natural dos humanos.
O governo de Mato Grosso do Sul, o ICMBio e o Ibama vão definir o destino final do felino.
Por fim, casos como esse são extremamente raros no Brasil. O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) confirma apenas dois ataques letais registrados no país.
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