Jair Bolsonaro ficou em silêncio e não respondeu aos questionamentos feitos pela Polícia Federal (PF) durante o depoimento realizado nesta quinta-feira (22). O ex-presidente é investigado por envolvimento na suposta tentativa de golpe de Estado realizada em 8 de janeiro de 2023.
Bolsonaro chegou à sede da PF, em Brasília, por volta das 14h20, e não falou com a imprensa. Ele ficou cerca de 30 minutos no interior do prédio e saiu do local em carro com vidros fechados. Após a saída do ex-presidente, dois de seus advogados conversaram com os jornalistas. A justificativa para o silêncio de Bolsonaro foi a de que a defesa não teria tido acesso à íntegra dos autos da investigação.
“A falta de acesso a esses documentos, especialmente as declarações do tenente coronel Mauro Cid, e as mídias eletrônicas obtidas dos telefones celulares de terceiros e computadores, impedem que a defesa tenha o mínimo conhecimento por quais elementos o presidente é hoje convocado a esse depoimento” disse Paulo Bueno, um dos advogados do ex-presidente.
Além do ex-presidente, vários ex-integrantes do governo Bolsonaro compareceram nesta quinta-feira (22) à sede da Polícia Federal para prestar depoimentos, entre eles, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, o ex-ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto.
Nenhum destes investigados, nem seus advogados de defesa, falaram com a imprensa.
Minuta do Golpe
Segundo as investigações, o grupo elaborou uma minuta de decreto que tinha como objetivo executar um golpe de Estado.
O texto foi entregue ao ex-presidente em 2022 por Filipe Martins, então assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, e pelo advogado Amauri Feres Saad, apontado como mentor intelectual do documento.
O documento previa as prisões dos ministros do Supremo Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e também do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além da realização de novas eleições.