O exuberante peixe-leão virou assunto no Brasil após a captura do maior espécime já registrado em Fernando de Noronha. Porém, o episódio não ficou marcado pela beleza do animal, de listras brancas e avermelhadas, mas sim pelo seu potencial danoso ao ecossistema brasileiro. Por não ser natural da região litorânea brasileira, o peixe é considerado uma espécie invasora.
O exemplar de 49 centímetros foi capturado nas águas da ilha durante uma operação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para controle da espécie invasora em 27 de fevereiro. Segundo o constatado pelos cientistas envolvidos, o peixe-leão de Fernando de Noronha superou o recorde anterior de 47 centímetros.
Para os especialistas, o tamanho do animal indica que a espécie já se estabeleceu na ilha sem dificuldades, o que representa uma séria ameaça ao ecossistema local. O caso representa um alerta não somente para a ilha, mas também para toda extensão litorânea do país.
Por que o peixe-leão é considerado uma espécie invasora?

O peixe-leão (Pterois volitans) é natural dos oceanos Índico e Pacífico, porém no oceano Atlântico, que banha o Brasil, o animal não possui predadores naturais. Tal fato permite que sua proliferação seja rápida, podendo colocar até 30 mil ovos de uma vez.
Apesar de não aparentar, o espécime é considerado um predador voraz de peixes menores, podendo consumir até 20 em apenas meia hora. Contudo, o peixe-leão ainda tem preferência por se alimentar de espécies exclusivas das águas brasileiras, enquadrando-o como uma ameaça real ao ecossistema.
Além dos danos ambientais, o peixe-leão representa perigo aos seres humanos. Ele possui espinhos venenosos com uma toxina potente que pode resultar até em convulsões. Inclusive, em 2020, um pescador precisou ser internado no Ceará após pisar em uma espécie do animal.
Como a espécie chegou ao Brasil?
Não se sabe exatamente como o peixe-leão chegou ao litoral brasileiro, porém acredita-se que as correntes marinhas podem ter trazido larvas ou peixes adultos da região do Caribe, onde a espécie também é invasora e se alocou primeiro. Por lá, existe a teoria que tudo começou após um furacão destruir uma loja de aquários na Flórida, nos Estados Unidos.
Os primeiros registros da espécie em águas brasileiras são de 2014 e 2015, ambas no Rio de Janeiro. Já em 2020, aconteceu a primeira captura de peixe-leão, desta vez em Fernando de Noronha. Quatro anos depois, também na ilha, mergulhadores capturaram 140 exemplares em uma operação submarina.