A saúde mental dos brasileiros vive crise delicada e os dados provenientes do Ministério da Previdência Social sobre afastamento do trabalho comprovam isso. Somente em 2024, foram quase meio milhão de afastamentos de trabalhadores computados no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e um gasto estimado próximo de R$ 3 bilhões aos cofres públicos.
No último ano, foram 472.328 licenças médicas concedidas para quadros de transtornos mentais, como ansiedade e depressão. O benefício da incapacidade temporária, antigo auxílio-doença, é concedido pelo INSS quando o trabalhador precisa se afastar por mais de 15 dias. Para isso, contudo, é preciso realizar perícia médica, na qual é declarada, qual doença justifica a licença.
Porém, se levar em conta todas as doenças declaradas pelos trabalhadores, o INSS emitiu 3,5 milhões de pedidos de licença, com o número de licenças relacionadas a saúde mental representando mais de 13%. Embora pareça uma fatia irrelevante, o crescimento dos casos preocupa.
Comparado com 2023, a quantidade de afastamentos aumentou em 68%, já que, na época, foram 283 mil benefícios concedidos por transtornos mentais. Os aumentos consecutivos começaram na passagem de 2020 para 2021, com a pandemia impactando diretamente. Enquanto no período pré-Covid, os dados não passaram por uma variação tão evidente.
Afastamentos por saúde mental entre 2014 e 2024
- 2014: 221.721
- 2015: 170.830
- 2016: 182.124
- 2017: 182.252
- 2018: 219.542
- 2019: 207.945
- 2020: 91.607
- 2021: 185.708
- 2022: 201.864
- 2023: 283.471
- 2024: 472.328
Vale pontuar, porém, que os dados representam afastamentos e não trabalhadores em si. Já que uma pessoa pode tirar mais de uma licença médica no ano e esse número é contabilizado mais de uma vez.
Gastos do INSS com saúde mental
Por fim, procurado pelo portal g1, que obteve os dados com exclusividade, o INSS não informou quanto de sua verba foi destinada para assistência ao afastamento por saúde mental.
Apesar disso, esclareceu que as pessoas passaram, em média, três meses afastadas, recebendo cerca de R$ 1,9 mil por mês. Considerando esses valores, o impacto pode ter chegado a até quase R$ 3 bilhões ao erário em 2024.
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