A Polícia Civil de Anápolis deflagrou, nesta quarta-feira (21), a Operação Histórico Express, que investiga um esquema de venda e uso de históricos escolares falsos com o objetivo de obter aproveitamento irregular de disciplinas em faculdades de direito da cidade. Duas pessoas foram presas: um ex-coordenador do curso de direito e professor universitário, e um aluno do 9º período de outra instituição. A ação é conduzida pelo Grupo Especial de Investigações Criminais (GEIC).
De acordo com o delegado Luiz Carlos Cruz, o caso começou após uma faculdade procurar a polícia relatando a suspeita de que alunos estavam tentando validar disciplinas com documentos forjados.
“Com uma simples mensagem no WhatsApp, o interessado conseguia comprar um histórico falso e eliminar até quatro períodos do curso de direito”, explicou o delegado ao repórter Jonathan Cavalcante da Rádio São Francisco 97,7 FM.
Segundo o GEIC, o valor médio cobrado pelos documentos de aproveitamento irregular de disciplinas era de R$ 2.500.
Acadêmicos usavam documentos falsos para ‘ganhar tempo’ no curso de direito
De acordo com as investigações, os históricos eram utilizados para justificar o aproveitamento de matérias já “cursadas” em outras instituições, com o objetivo de reduzir o tempo total da graduação. O curso de direito tem duração mínima de cinco anos (dez períodos), mas com o esquema, alunos conseguiam burlar parte desse tempo e se formavam em três anos.
Ainda conforme o delegado, existe a suspeita de que o esquema estava em operação há pelo menos um ano e meio e que já existem casos de pessoas que colaram grau, receberam diploma e até participaram de cerimônias de formatura com o benefício de documentos falsos.

A operação cumpriu dois mandados de prisão preventiva, quatro de busca e apreensão e três de quebra de sigilo telefônico. O aluno preso atuava na captação de colegas interessados no esquema, enquanto o ex-coordenador, conforme a Polícia Civil, usava sua função para facilitar a aceitação dos documentos fraudados.
A Polícia agora apura se alguma das instituições tinha conhecimento ou participação no esquema. “Vamos conversar com as coordenações e entender até que ponto houve conivência ou se foi um desvio individual”, afirmou Cruz.
Os presos devem responder por falsidade ideológica, uso de documento falso e, conforme o avanço das investigações, associação criminosa.
Polícia orienta alunos que “contrataram” o esquema a se apresentarem voluntariamente
O delegado também fez um apelo aos estudantes que compraram históricos falsos: “É melhor que você venha até a Polícia Civil espontaneamente, apresente o documento falso e preste depoimento, do que esperar que a gente bata na sua porta”.
