A Receita Federal se movimentou para tentar frear a greve dos auditores fiscais, que já ultrapassa cinco meses. Porém, a medida de cortar até 20% do bônus de produtividade pode gerar efeito negativo e estender ainda mais a paralisação.
A ação, formalizada em 30 de abril, surpreendeu os servidores. O presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional), Dão Real, classificou como uma “retaliação muito grave” ao movimento grevista. Após a decisão, os auditores planejam intensificar a mobilização e revogar a medida.
“A medida foi ilegal. Foi um desrespeito e uma quebra de confiança. Sem qualquer negociação prévia, essa decisão vem após cinco meses de uma greve que pede reposição de perdas inflacionárias nos salários desde 2016. A Receita fez uma retaliação muito grave à mobilização e o governo jogou gasolina no fogo”, disse Real ao Estadão.
O bônus mensal de produtividade, que poderia chegar a R$ 7 mil, foi reduzido para R$ 6,3 mil, representando uma perda de 10%. Para os aposentados, porém, o impacto é ainda maior, com uma redução de até R$ 1,5 mil por mês, segundo cálculos do Sindifisco Nacional.
Contudo, em resposta à medida, o Sindifisco Nacional convocou uma assembleia nacional para o dia 7 de maio. Nela, será votada uma moção de desconfiança em relação à cúpula da Receita Federal, incluindo o secretário do Fisco, Robinson Barreirinhas, e o Ministério da Gestão. Os auditores alegam que a pasta tem dificultado o diálogo com a categoria e favorecido outras carreiras, como a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Polícia Federal.
Greve da Receita Federal: Impactos e reivindicações
A greve, iniciada em novembro de 2024, tem causado impactos significativos, como a retenção de aproximadamente um milhão de remessas em alfândegas por todo o país e o risco de o governo não cumprir a meta fiscal deste ano, já que a arrecadação federal é diretamente afetada. Além disso, a paralisação impacta nas datas do calendário do Imposto de Renda de 2025.
Por fim, a categoria reivindica a reposição de perdas inflacionárias acumuladas desde 2016, estimadas em 28%. Embora tenham recebido um reajuste de 9% em 2023, os auditores destacam que outras categorias conseguiram acordos mais vantajosos, como os servidores da AGU, que obtiveram um reajuste de 19% parcelado em duas vezes, em junho de 2025 e abril de 2026.
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