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SÃO FRANCISCO NEWS
Atualizado em 18/09/2024 - 19:34
Estudo aponta ainda que homens não negros ganharam, em média, o dobro que mulheres negras em 2023. (Foto: Reprodução / Pixabay)
Estudo aponta ainda que homens não negros ganharam, em média, o dobro que mulheres negras em 2023. (Foto: Reprodução / Pixabay)

Mulheres ganham 20,7% menos do que os homens, em 50.692 empresas com 100 ou mais empregados, no Brasil. As informações são do 2° Relatório de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios, apresentado nesta quarta-feira (18), pelos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego (MTE), em Brasília. O documento considera os dados informados pelos empregadores na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2023.

O 2° Relatório de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios aponta que houve aumento na diferença salarial de gênero na comparação ao primeiro relatório, divulgado em março deste ano, que indicava a diferença salarial de 19,4%.

De acordo com o Ministério das Mulheres, o aumento é resultado dos novos empregos gerados no ano passado: 369.050 mil novos postos formais ocupados por homens e 316.751 mil ocupados por mulheres.

Foram analisadas informações da RAIS de 2023 de 18.044.542 vínculos formais de trabalho, divididos em 10,8 milhões de homens e 7,2 milhões de mulheres.

Ao todo, a soma dos rendimentos desses trabalhadores com carteira de trabalho assinada analisados chegou a R$ 782,99 bilhões. A remuneração média desta população ocupada foi R$ 4.125,77.

O estudo revelou que, nas empresas com 100 empregados ou mais, os trabalhadores homens ganhavam, em média, R$ 4.495,39, enquanto as mulheres recebiam R$ 3.565,48.

Recorte racial

Em resumo, se consideradas somente as trabalhadoras negras, a diferença de remuneração se acentua. No geral, as mulheres negras ganhavam R$ 2.745,26, no ano passado, o que equivalia à metade (50,2%) do salário dos homens não negros: R$ 5.464,29.

No período, as mulheres não negras recebiam, em média, R$ 4.249,71. Além disso, o relatório apontou que 27,9% das empresas de 100 ou mais empregados indicaram ter política de incentivo à contratação de mulheres negras.

Dados indicam que mulheres também ganham menos em cargos de gestão e nível superior

Quanto aos cargos de direção e gerência, as mulheres recebem 27% menos do que a remuneração dos homens. Quando se trata de profissionais em nível superior, as mulheres ganham 31,2% abaixo do que remuneram os homens.

Veja mais informações sobre empresas com 100 ou mais empregados, no Brasil, em 2023:

– em 31% destes estabelecimentos (15.737), a diferença salarial entre mulheres e homens é 5%;

– 53% dos estabelecimentos (26.873) não havia pelo menos três mulheres em cargos de gerência ou direção da empresa para que os cálculos sobre diferenças salariais fossem realizados;

– 55,5% das entidades utilizavam planos de cargos e salários como critério de remuneração;

– 63,8% dos estabelecimentos cumpriam metas de produção como critério de remuneração;

– 22,9% das entidades tinham política de auxílio creche;

– 20% das empresas tinham política de licença paternidade/maternidade estendida;

– 42,7% dos estabelecimentos (21.658) tinham entre 0% e 10% dos empregados que eram mulheres pretas ou pardas;

– 8,2% destas empresas tinham política de contratação para mulheres indígenas;

– 0,2% (85) dos estabelecimentos não tinham mulheres empregadas formalmente, em 2023.

Igualdade salarial de gênero

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou que igualdade salarial de gênero para trabalhos iguais é prioridade do atual governo federal e está posta em discussão em nível internacional, por exemplo, no âmbito do G20, sob a presidência rotativa do Brasil, em 2024, e também, na Organização das Nações Unidas (ONU).

Cida Gonçalves ainda lembrou que as mulheres são chefes de família em metade dos domicílios brasileiros (50,8% de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – Dieese), mas ganham menos 20% do que os homens pelo mesmo trabalho.

“As mulheres não são apêndice, não estão nos cantos e não são as pessoas do mimimi. São as trabalhadoras, são as que sustentam e as que pensam.”

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