Mulheres ganham 20,7% menos do que os homens, em 50.692 empresas com 100 ou mais empregados, no Brasil. As informações são do 2° Relatório de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios, apresentado nesta quarta-feira (18), pelos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego (MTE), em Brasília. O documento considera os dados informados pelos empregadores na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2023.
O 2° Relatório de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios aponta que houve aumento na diferença salarial de gênero na comparação ao primeiro relatório, divulgado em março deste ano, que indicava a diferença salarial de 19,4%.
De acordo com o Ministério das Mulheres, o aumento é resultado dos novos empregos gerados no ano passado: 369.050 mil novos postos formais ocupados por homens e 316.751 mil ocupados por mulheres.
Foram analisadas informações da RAIS de 2023 de 18.044.542 vínculos formais de trabalho, divididos em 10,8 milhões de homens e 7,2 milhões de mulheres.
Ao todo, a soma dos rendimentos desses trabalhadores com carteira de trabalho assinada analisados chegou a R$ 782,99 bilhões. A remuneração média desta população ocupada foi R$ 4.125,77.
O estudo revelou que, nas empresas com 100 empregados ou mais, os trabalhadores homens ganhavam, em média, R$ 4.495,39, enquanto as mulheres recebiam R$ 3.565,48.
Recorte racial
Em resumo, se consideradas somente as trabalhadoras negras, a diferença de remuneração se acentua. No geral, as mulheres negras ganhavam R$ 2.745,26, no ano passado, o que equivalia à metade (50,2%) do salário dos homens não negros: R$ 5.464,29.
No período, as mulheres não negras recebiam, em média, R$ 4.249,71. Além disso, o relatório apontou que 27,9% das empresas de 100 ou mais empregados indicaram ter política de incentivo à contratação de mulheres negras.
Dados indicam que mulheres também ganham menos em cargos de gestão e nível superior
Quanto aos cargos de direção e gerência, as mulheres recebem 27% menos do que a remuneração dos homens. Quando se trata de profissionais em nível superior, as mulheres ganham 31,2% abaixo do que remuneram os homens.
Veja mais informações sobre empresas com 100 ou mais empregados, no Brasil, em 2023:
– em 31% destes estabelecimentos (15.737), a diferença salarial entre mulheres e homens é 5%;
– 53% dos estabelecimentos (26.873) não havia pelo menos três mulheres em cargos de gerência ou direção da empresa para que os cálculos sobre diferenças salariais fossem realizados;
– 55,5% das entidades utilizavam planos de cargos e salários como critério de remuneração;
– 63,8% dos estabelecimentos cumpriam metas de produção como critério de remuneração;
– 22,9% das entidades tinham política de auxílio creche;
– 20% das empresas tinham política de licença paternidade/maternidade estendida;
– 42,7% dos estabelecimentos (21.658) tinham entre 0% e 10% dos empregados que eram mulheres pretas ou pardas;
– 8,2% destas empresas tinham política de contratação para mulheres indígenas;
– 0,2% (85) dos estabelecimentos não tinham mulheres empregadas formalmente, em 2023.
Igualdade salarial de gênero
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou que igualdade salarial de gênero para trabalhos iguais é prioridade do atual governo federal e está posta em discussão em nível internacional, por exemplo, no âmbito do G20, sob a presidência rotativa do Brasil, em 2024, e também, na Organização das Nações Unidas (ONU).
Cida Gonçalves ainda lembrou que as mulheres são chefes de família em metade dos domicílios brasileiros (50,8% de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – Dieese), mas ganham menos 20% do que os homens pelo mesmo trabalho.
“As mulheres não são apêndice, não estão nos cantos e não são as pessoas do mimimi. São as trabalhadoras, são as que sustentam e as que pensam.”