O pastor Ângelo Mário Klaus Junior, de 46 anos, se apresentou à Polícia Civil na madrugada deste sábado (2), em Anápolis. O líder religioso é investigado por gerenciar duas clínicas clandestinas em que mais de 100 pacientes sofriam torturas, maus-tratos e cárcere privado. Ele se encontrava foragido desde a última terça-feira (29), e agora foi encaminhado ao presídio.
A informação da prisão do pastor foi divulgada em primeira mão às 6h25 da manhã pelo jornalista Jonathan Cavalcante no programa São Francisco News O delegado Manoel Vanderic disse que o suspeito se manteve em silêncio após se apresentar na delegacia.
Da delegacia para o presídio
Ainda durante a madrugada, Klaus saiu da Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso (DEAI) e depois permaneceu na cela da Central de Flagrantes da Polícia Civil.
Por volta de 8h da manhã, o repórter Victor Santos registrou o momento que o pastor saiu da delegacia e foi colocado na viatura, com outros presos, para ser encaminhado à Cadeia Pública de Anápolis. Veja o vídeo.
De acordo com a Polícia Civil, no momento da prisão o pastor não demonstrou nervosismo ou remorso e conversou casualmente com outros presos. A esposa e pastora Suelen Klaus e outros quatro funcionários já haviam sido presos na terça-feira (29).
Segundo o delegado Manoel Vandeic, “todos responderão por tortura e cárcere privado qualificado”.
“Campo de concentração”
Na última quarta-feira (30), a Rádio São Francisco FM noticiou o resgate de 50 pessoas que viviam em cárcere privado e sofriam tortura em uma das clínicas clandestinas geridas pelo pastor. De acordo com a Polícia Civil, as vítimas eram trancadas em ambiente insalubre, com alimentação precária, sem medicação e sem acompanhamento médico ou psicológico.
Em síntese, todas as vítimas encontradas na clínica são homens, com idades entre 14 e 96 anos. Em entrevista, o delegado Manoel Vanderic classificou o local como um “campo de concentração”. De acordo com as investigações, os pacientes eram idosos, deficientes, dependentes químicos e no local também havia um autista de 17 anos.
A princípio, os internos foram levados de forma ilegal e involuntária para a clínica, onde eram confinados mediante pagamento de, no mínimo, um salário mensal. Em resumo, vários pacientes apresentavam lesões graves, desnutrição e confusão mental compatível com sedação.
Segunda clinica desmantelada
Além disso, as investigações da Polícia Civil levaram a outra chácara, localizada na manhã de quinta-feira (31), na zona rural, a cerca de 10 Km da BR-414, onde foram localizadas 43 vítimas. O local pertence aos mesmos proprietários. A maioria dos pacientes possuem deficiência intelectual e eram amarrados e torturados.
O local era insalubre, havendo alimentos vencidos e sedativos aplicados sem receita e orientação médica. Então, as vítimas relataram agressões físicas e contaram que só eram soltas para fazer duas refeições por dia. Dois seguranças fugiram, mas já foram identificados.